terça-feira, 22 de julho de 2008

Reversibilidade

(26 de maio de 2008)

Pela segunda vez tentou fazer da palavra um texto. Pela segunda vez foi tomada pelo impulso de falar de outro, de outras e de um outro tempo, tal era a semelhança. Mas lembrou da palavra, lembrou dos primatas e então esqueceu.

Lembrou assim do que lhe era latente ali, naquele momento. Lembrou-se do desafio de “relacionar-se sem relacionamento”. Sorriu. Gosta de desafios. Gosta de vencer desafios. Gosta de reverte-los pra si.

Porque a arte de ser sozinho requer algo muito além de vontade própria. Requer habilidade para exercitar desprendimento. Desprendimento pelo que o outro possa ter de melhor e mais bonito. (Porque o pior já é praxe tentarmos esquecer).

Por um instante lembrou do menino. Lembrou de seu gosto. Lembrou do cheiro do gosto... e do inverso também.

(Exercitar desprendimento...
Lembrar e esquecer..
Querer pra si e ceder aos outros...)

Não se criam correntes de elos abertos.
Nem relacionamentos de vínculos vis.

Então, sejamos breves.

1 comentários:

Anônimo disse...

"... eu canto, grito, corro, rio e nunca chego a ti". Porque você escreve como quem respira, inevitavelmente. Seu texto eu leio, vivo e vicio.