Reversibilidade
(26 de maio de 2008)
Pela segunda vez tentou fazer da palavra um texto. Pela segunda vez foi tomada pelo impulso de falar de outro, de outras e de um outro tempo, tal era a semelhança. Mas lembrou da palavra, lembrou dos primatas e então esqueceu.
Lembrou assim do que lhe era latente ali, naquele momento. Lembrou-se do desafio de “relacionar-se sem relacionamento”. Sorriu. Gosta de desafios. Gosta de vencer desafios. Gosta de reverte-los pra si.
Porque a arte de ser sozinho requer algo muito além de vontade própria. Requer habilidade para exercitar desprendimento. Desprendimento pelo que o outro possa ter de melhor e mais bonito. (Porque o pior já é praxe tentarmos esquecer).
Por um instante lembrou do menino. Lembrou de seu gosto. Lembrou do cheiro do gosto... e do inverso também.
(Exercitar desprendimento...
Lembrar e esquecer..
Querer pra si e ceder aos outros...)
Não se criam correntes de elos abertos.
Nem relacionamentos de vínculos vis.
Então, sejamos breves.
1 comentários:
"... eu canto, grito, corro, rio e nunca chego a ti". Porque você escreve como quem respira, inevitavelmente. Seu texto eu leio, vivo e vicio.
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