domingo, 31 de agosto de 2008

Vem...


Me ajuda a lavar essa louça toda?

Prometo que depois a gente fica a tarde toda molhando as plantas até dar a hora da chuva, que eu finjo não gostar.
Dizem que é pra te manipular, mas você olha o meu cabelo molhado, a roupa ficando transparente, me aperta contra o seu peito e diz que é tudo charme, que eu nasci e vou morrer fazendo charme, e eu me controlo pra não achar graça, falo pra você não fugir do assunto, você não diz nada e aperta os olhos, aperta a chuva e você olha bem através dela, abre a boca não porque tem sede mas porque eu sabia e a provisão vem sempre de cima.

(menos música: vem da onde, música?)

Eu digo vamos pra dentro porque tenho medo dos raios, e desses eu tenho, não é charme, você sorri.
Arranca um ramo de capim limão pra fazermos chá e me leva pra dentro, me leva pro barco de papel, porque só assim a gente consegue sair de casa no meio desse dilúvio.

Deixa eu pegar o guarda-chuva.
Esfriou, é melhor você levar teu casaco.
Mas agora já saímos, vamos perder a hora.
(pai, quando se perde a hora, pra onde é que ela vai?)
Então deixa, qualquer coisa você veste o meu casaco.
Mas aí você é que vai ficar com frio.
Não tem importância.

1 comentários:

Anônimo disse...

"Puta que a pariu"!!! Não me leve a mal, menina, não é a sua mãe, é você. Me entende, é um gozo! Eu iria postar em meu blog, vi o seu atualizado, li o post aí de cima, iria comentar, vi o daqui debaixo e precisaria conversar com você no alto de uma montanha durante uma semana para dizer tudo o que senti quando te li. Minha filosofia musical... para ler este texto, duas músicas: Uma da Legião (... vem cá meu bem, que é bom te ver, o mundo anda tão complicado, que hoje eu quero fazer, tudo por você...), outra da Paula Toller (... Quanto é mil trilhões, Vezes infinito? Quem é Jesus Cristo? Onde estão meus primos?...).